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POÉTICA REVOLUCIONÁRIA E ANTI-AUTORITÁRIA?

 

– por Olga de Sá*

 

 

         "O verdadeiro conteúdo da obra torna-se se modo de ver o mundo e de julgá-lo, traduzido em modo de formar, pois é nesse nível que se estabelece o diálogo entre a arte e o mundo." OLGA DE SÁ

 

"a obra de arte é uma mensagem fundamentalmente ambígua, uma pluralidade de significados que convivem num único significante" (UMBERTO ECO, 1968)

 

(...)

        A probabilidade inclui a noção de possibilidade. A noção de possibilidade implica o no abandono de uma visão catártica e silogística da ordem, e a abertura para uma plasticidade de decisões pessoais, "situacionalidade" e historicidade de valores.


O modo de resolver e, sobretudo, de colocar os problemas artísticos tem, por trás de si, todo um conjunto de relações, cuja origem surpreende determinada visão de mundo. E vice-versa. Determinada visão do mundo condiciona o modo de colocar os problemas artísticos. Assim, os que se visa não é somente  a compreensão da obra de arte, mas a compreensão global e totalizante do mundo.


As poéticas da obra aberta apresentam caracteres estruturais semelhantes aos de outras operações culturais, que visam a definir fenômenos naturais ou processos lógicos. Nesse sentido, é que Eco fala em "obra aberta" como metáfora epistemológica.


Prever entre o artista, a obra e o intérprete uma relação não unívoca, não implica, porém, no desejo de apontar uma unicidade profunda e substancial entre as presumidas formas da arte e a presumida forma do real.


"A arte não liberta o homem de todas as pressões, não lhe oferece o meio de, no absoluto, aprender e traduzir sensações, constitui antes um modo de conhecimento e de expressão aliado à ação". (Francastel, s.d., p. 23).


É sempre arriscado sustentar que a metáfora ou o símbolo poético, a realidade sonora ou a forma plástica, constituem instrumentos de conhecimento do real mais profundos que os instrumentos fornecidos pela ciência.  O conhecimento do mundo tem, na ciência, seu canal autorizado e toda aspiração do artista é vidência, e ainda que praticamente produtiva, contém sempre algo de ambíguo, de equívoco. A arte, mais do que conhecer o mundo, produz complementos do mundo, formas autônomas, que se acrescentam à existente, criando leis próprias. A forma artística, considerada como metáfora epistemológica, significa que, em cada século, o modo como as formas de arte se estruturam refletem, com similitude, o modo pelo qual a essência ou a cultura da época vêm o real. A relação entre o intérprete e obra foi sempre considerada uma relação de alteridade.


(...)
"Quando o artista coloca uma operação de vanguarda e institui uma nova linguagem, ele organiza uma forma que poucos se dispõem a aceitar. "  (...)  "Suponha que o sistema comunicativo esgotou-se; à ordem das palavras não corresponde uma ordem de coisas. O artista recusa um sistema de formas, sem contudo anulá-lo, porque para modifica-lo, deve aceitar uma alienação parcial nele..." "Adotando uma nova gramática, feita de um projeto de desordem, aceita o mundo em que vive, nos termos de crise, em que se encontra. Compromete-se."(...) "O verdadeiro conteúdo da obra torna-se seu modo de ver o mundo e de julgá-lo, traduzido em modo de formar, pois é nesse nível que se estabelece o diálogo entre arte e o mundo." (...)


Na poesia concreta brasileira, o problema da obra de arte se coloca desde logo, não apenas, teoricamente, mas politicamente, em muitos poemas de Noigandres 2 (1955) e Noigandres 3 (1956), alguns datados má de 1953..
A matriz aberta desses poemas permitia vários percursos de leitra, na vertical e na horizontal, isolando e destacando blocos, ou integrando-os, alternativamente, com outras partes do componentes da peça.


O próprio U. Eco, na introdução à ed. brasileira de Obra aberta,reconhece como a cultura brasileira da época era sensível a esses problemas e como a cultura brasileira da época era sensível a esses problemas e como a contribuição de muitos críticos e estudiosos brasileiras foram úteis em suas pesquisas.  Referindo-se a Haroldo de Campos, aponta, como nosso poeta maior, num pequeno artigo, tenha antecipado de modo assombroso suas colocações em Obra aberta, "como se ele tivesse resenhado o livro que eu ainda não tinha escrito e que iria escrever sem ter lido seu artigo" (Eco, 1968,. P. 17)


A recepção de uma mensagem estruturada  de modo aberto faz com que a expectativa do leitor não implique tanto numa previsão do esperado, quando numa expectativa do imprevisto.

                                        (...)

 

ECO, Umberto. Obra aberta: forma e indeterminação nas poéticas contemporâneas. São Paulo: Perspectiva, 1968.

FRANCASTEL, Pierre. Arte e técnica: nos séculos XIX e XX. Lisboa: Ed. Livro do Brasil, s.d.         

 

 

*Educadora, poeta, Programa de pós-graduação da PUC-SP.

O presente Editorial é um fragmento, muito significativo, a partir da obra "Obra aberta" de Umberto Eco, texto publicado por Olga de Sá na revista ÂNGULO, no.  104, jan./mar. 2006.


 

 

 
 
 
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